Apesar de ser a única certeza que temos durante a vida, a morte ainda é encarada como um tema delicado para a maioria das pessoas. O assunto morte causa desconforto e muitas pessoas preferem evitá-lo.
Como proceder com o corpo de um ente querido que faleceu, é um tema não muito falado. Mas, o assunto deveria ser tratado com mais frequência, principalmente nos dias atuais, com a preocupação em relação ao meio ambiente.
Pensando numa forma sustentável de lidar com a despedida, criou-se a cremação por hidrólise alcalina. Esse tipo de procedimento é conhecido como cremação líquida, cremação aquática ou bio-cremação.
A hidrólise alcalina é o nome técnico dado ao procedimento usado para dar um fim ecológico para um corpo, não prejudicando o meio ambiente. Assim como uma cremação tradicional, o cadáver é transformado em cinzas, que podem ser guardadas pela família.
Nesse contexto, a cremação por hidrólise pode ser uma boa opção, pois é considerada atualmente como a forma de cremação menos poluente para o meio ambiente.
Como funciona o processo de cremação por hidrólise?
Durante o processo de cremação por hidrólise, o cadáver é colocado em uma câmara pressurizada, contendo cerca de 300 litros, onde é acrescentada uma substância alcalina, que pode ser hidróxido de potássio ou hidróxido de sódio.
A câmara feita de aço, então, é aquecida a uma temperatura que varia de 160ºC a 300ºC. Este processo mata todos os micróbios e acelera o processo de decomposição do corpo.
O procedimento dura cerca de três horas e, ao final dele, a maior parte do cadáver estará dissolvida e misturada com a água, restando apenas os ossos, que são transformados em cinzas.
Na verdade, o que sobra de todo o processo é um pó bem semelhante ao açúcar, em formato, cor e textura. Esse material é entregue à família, que pode depositar em uma urna, jogar no mar ou fazer a vontade do falecido.
É importante saber que, embora pareça que não, o corpo do falecido estará inteiro ali, mesmo que reduzido a pó, que pode ser guardo da melhor forma possível.
Uma forma ecologicamente correta
A cremação por hidrólise tem sido divulgada e apoiada por entidades e pessoas que se preocupam com o meio ambiente. Isso porque esse tipo de cremação emite apenas um quarto do carbono de uma cremação tradicional, que se utiliza do fogo.
O método usa bem menos energia elétrica e não utiliza substâncias químicas que são toxicas ao meio ambiente, como as que são usadas em uma cremação comum para conservar o corpo por mais tempo.
A cremação comum pode ser considerada uma boa solução para as superlotações dos cemitérios, mas tem que se levar em consideração que ela é prejudicial ao meio ambiente.
Pois, durante o processo, são gastos 15 quilowatts/hora de eletricidade e 285 quilowatts/hora de gás, no procedimento que leva 1h20 para ser concluído. São usados ainda, cerca de 105 litros de combustível para fazer a queima do corpo, o que libera o equivalente a 245 quilos de CO2 na atmosfera.
Tudo isso equivale a decomposição de 350 kg de lixo. Por esses motivos é que surgiu a cremação por hidrólise, ela pode evitar muitos prejuízos ao meio ambiente.
Barreiras e desafios
O procedimento ainda é muito restrito e até proibido em alguns lugares, mas pode virar uma grande tendência, visto o beneficio ao meio ambiente. Pode se tornar uma técnica muito popular com o passar dos anos.
Se compararmos a quantidade de cremações tradicionais que são realizadas hoje no Brasil e há dez anos, é possível prever que essa nova técnica pode ser também muito explorada.
Ainda há muitas barreiras a serem quebradas, como os dogmas e paradigmas sociais e religiosos, pois, não podemos negar que isso tudo afeta a entrada de novas formas de pensar e lidar com a morte.
Cada religião tem sua forma de se despedir daqueles que morrem e, no Brasil, a religião mais seguida é a católica, que tradicionalmente enterra seus fieis após a morte.
Mas, se pensarmos que muitos católicos já passaram a optar pela cremação tradicional, é possível que com o passar do tempo, a cremação por hidrólise seja cada vez mais aceita em nosso país.